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13.3.16

Ensaio sobre a corrupção - Protestos no Brasil, 13 de março de 2016

Há alguns meses atrás um conhecido me falou que o problema do Brasil é que os brasileiros não sabem quem é Sérgio Moro. Eu repliquei: o problema do Brasil é que os brasileiros não sabem quem é Sérgio Buarque de Holanda e não lêem sua principal obra.
Saber o nome de um juiz especificamente não faz com que se compreenda os problemas de um país, talvez prove o gosto por atualidades. Saber o nome de um autor referência que buscou compreender o povo brasileiro e sua formação histórico-social que ainda se aplica à atualidade, isso é conhecimento.
O livro Raízes do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda, explica inclusive a mistura entre o público e o privado, que levou esse colega a chamar o citado juiz de “o novo herói do Brasil”. Há uma confusão entre o que é a pessoa e o que é o profissional. 
Outro ponto que me marcou na leitura desse clássico da historiografia brasileira foi o capítulo que trata do HOMEM CORDIAL, as raízes da corrupção no Brasil, a monarquia portuguesa, o jeitinho brasileiro, condição que deriva ou é intrínseca à inseparabilidade, pelo povo brasileiro, do que é público e do que é privado. 
Hoje, 13 de março de 2016, as pessoas foram às ruas, em protesto contra a corrupção, pelo impeachment da atual presidente Dilma Roussef, pela prisão do ex-presidente Lula da Silva.
No contexto da operação LAVA JATO, iniciada em 2009 pela Polícia Federal, que identificou um esquema de propina entre empreiteiras e a empresa estatal Petrobras. Fontes afirmam que os partidos políticos que indicavam diretores da Petrobras coniventes com a operação eram favorecidos financeiramente.

As matérias de jornal circularam o mundo e viraram piada no exterior. O vídeo abaixo mostra John Oliver (no show Last Week Tonight em 16 de março de 2015) satirizando a situação, mencionando o PANELAÇO, prática de bater as panelas em horários determinados (por exemplo - pronunciamento da presidente) demonstrando indignação do povo brasileiro em relação ao governo e à corrupção.
John Oliver - About Brasil Corruption - Protest Panelaço
A última notícia da semana concerne à possível apropriação de bens doados ao Estado Brasileiro, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"A Polícia Federal achou uma sala-cofre em uma agência central do Banco do Brasil, em São Paulo, que guarda muitos bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O acervo está acondicionado em 23 caixas lacradas no BB desde janeiro de 2011 — são 133 peças, inclusive joias e obras de arte recebidas pelo ex-presidente de chefes de Estado.”  Leia mais na notícia.
A denúncia do Ministério Público contra o ex-presidente Lula da Silva é de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Leia aqui na fonte.

Em razão desses fatos, os protestos de hoje reuniram multidões em 22 Estados brasileiros, e na capital federal. Alguns cidadãos foram além de questões partidárias, clamando pelo fim da corrupção, independentemente de partidarismos:

A minha convicção é de que o sistema de “publicidade" das campanhas partidárias sugere, por si, a parcialidade de decisões governamentais a favor dos "patrocinadores" e incentiva sistemas corruptos. A proibição do marketing político talvez possa ser viabilizada pelo sistema eletrônico. E se fossem destituídos os partidos e as pessoas votassem em ideias? Ideias sem autores. Um sonho pela imparcialidade.
O Estado perdeu o controle. Os princípios constitucionais de legalidade, imparcialidade, moralidade, publicidade, eficiência desceram pelo ralo, junto com as transferências bancárias de brasileiros cordiais.

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